aula de literatura – 2º ano - Turmas: 200 e 201
PROFª.: Helayne araújo
referente a semana 25/05 a 29/05/20
INTRODUÇÃO
Na Europa, o contexto
histórico do Romantismo é a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, que
marcam o fim do Absolutismo. A tela abaixo, de Delacroix, um dos maiores
representantes da pintura romântica, foi inspirada nas barricadas de Paris.
A Liberdade Guiando o
Povo (1830) (Foto: Pintura: Eugène Delacroix/Reprodução)
As palavras de Vitor
Hugo, o maior escritor do Romantismo francês, resumem bem a ideologia
romântica:
“A liberdade literária é filha da liberdade política. Eis-nos libertos da velha forma social; e como não nos libertaríamos da velha forma poética? A um novo povo, uma nova arte.”
Como podemos ver, o
Romantismo tem duas facetas: uma que se volta para o indivíduo, com seus
dilemas e conflitos existenciais, e outra que se volta para a sociedade, com
suas injustiças e desejos de mudança.
Porém, no Brasil, essa faceta social do Romantismo
só vai se manifestar na terceira fase do movimento.
3ª GERAÇÃO ROMÂNTICA - POESIA SOCIAL
No Brasil, a primeira
fase do movimento romântico tem como pano de fundo o processo de Independência.
Por isso, os escritores desse período estão preocupados com a construção da
identidade nacional. Depois, na segunda fase, os escritores deixam de lado o
discurso nacionalista e se voltam para as profundezas do indivíduo.
Mas, na terceira fase do
movimento romântico, o Brasil já se encontra em outro contexto social e histórico.
É o momento em que os republicanos querem acabar com a monarquia e o movimento
abolicionista ganha força entre os intelectuais. Por isso, a terceira fase do
Romantismo também é conhecida como geração condoreira, pois o condor é uma ave
que, voando muito alto, representa o desejo de renovação da sociedade
brasileira.
Na verdade, a terceira
geração romântica questiona a ideologia da primeira geração. É que os
escritores da primeira fase do nosso Romantismo, como José de Alencar,
representam o povo brasileiro como resultado da união de duas etnias: o branco
europeu e o índio – mas deixa o negro de fora desse projeto
nacionalista-literário. Afinal, numa sociedade escravocrata, transformar o
negro em herói seria uma grande contradição.
Logo, podemos pensar que a terceira geração, ao
recuperar o negro como personagem da nossa cultura, possibilita uma resposta a
essa lacuna.
CASTRO ALVES (1847 -1871)
O maior representante da
terceira geração do Romantismo no Brasil é o poeta baiano Castro Alves,
diretamente envolvido na campanha abolicionista, um dos temas centrais de sua
obra, o que lhe rendeu o título de “Poeta dos Escravos”. Como o objetivo é
sensibilizar os outros sobre as questões sociais de seu tempo, a poesia de
Castro Alves foi feita para ser recitada para grandes públicos, por isso adota
um estilo condoreiro, de vocabulário pomposo e tom grandiloquente.
Já falta bem pouco.
Sacode a cadeia
Que chamam riquezas...que nódoas te são!
Não manches a folha de tua epopeia
No sangue o escavo, no imundo balcão.
Que chamam riquezas...que nódoas te são!
Não manches a folha de tua epopeia
No sangue o escavo, no imundo balcão.
Nesses versos, do
poema América, perceba que o eu lírico continua exaltando a pátria,
como faziam os escritores da primeira geração. Porém, o ele também faz uma
crítica à escravidão, entendida como uma “mancha” na história do Brasil.
A obra de Castro Alves não se limita apenas à questão do negro no Brasil. Também merece destaque sua lírica amorosa, em que aborda o amor de uma maneira diferente dos seus contemporâneos.
O seio virginal, que a
mão recata,
Embalde o prende a mão...cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento...Além na rua
Preludia um violão na serenata!....
Embalde o prende a mão...cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento...Além na rua
Preludia um violão na serenata!....
...Furtivos passos
morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta...
Matam os lábios os beijos em segredo...
Resvala a escada do balcão discreta...
Matam os lábios os beijos em segredo...
De um
modo geral, tanto na poesia como na prosa, o amor e a mulher são idealizados
pelo Romantismo. Mas, nesses versos de Castro Alves, perceba que a figura
feminina já não é tão inacessível assim e o sofrimento amoroso, em vez de levar
o eu lírico a desejar a morte, faz com que ele deseje ardentemente viver esse
amor. Logo, temos uma poesia que fala do amor de maneira mais concreta e
sensual.
NO VESTIBULAR
(UFF - 2012)
Adormecida
Adormecida
Uma noite, eu me
lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
‘Stava aberta a janela.
Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os
galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Era um quadro
celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele
doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes.
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes.
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava ora
afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio.
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Mas quando a via despeitada a meio.
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando a cena,
repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! — tu és a flor da minha vida!...”
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! — tu és a flor da minha vida!...”
(CASTRO ALVES. Espumas
flutuantes. In Obra completa Rio de Janeiro: Nova
Aguar, 1986. p. 124-125)
Assinale a alternativa
INCORRETA em relação à análise do poema de Castro Alves.
a) A valorização de elementos da natureza
confere sentidos particulares ao poema e indicia sua identificação com
propostas estéticas do Romantismo.
b) O poema se organiza a partir de um episódio registrado pela memória do sujeito lírico, o que amplia a subjetividade romântica presente em seu discurso.
c) O poema se constitui, principalmente, como descrição de uma cena, repleta de elementos românticos, configurando-se de forma plástica e visual.
d) O poema é percorrido por um tom melancólico, próprio do Romantismo, empregado pelo poeta para expressar a frustração amorosa do eu lírico.
e) O ambiente noturno, privilegiado pelos poetas românticos, contribui, no poema, para o estabelecimento de uma atmosfera de sonho, de calma e de desejo.
b) O poema se organiza a partir de um episódio registrado pela memória do sujeito lírico, o que amplia a subjetividade romântica presente em seu discurso.
c) O poema se constitui, principalmente, como descrição de uma cena, repleta de elementos românticos, configurando-se de forma plástica e visual.
d) O poema é percorrido por um tom melancólico, próprio do Romantismo, empregado pelo poeta para expressar a frustração amorosa do eu lírico.
e) O ambiente noturno, privilegiado pelos poetas românticos, contribui, no poema, para o estabelecimento de uma atmosfera de sonho, de calma e de desejo.
Data de entrega: 03/06/2020
Enviar a resposta por e-mail: helaynenatalia@gmail.com
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