A cultura afro-brasileira nasceu profundamente baseada nas raízes das culturas africanas e percorreu um longo caminho de séculos para que essa cultura fosse realmente conquistando autonomia e singularidade própria em seus costumes.
Iniciando a cultura afro-brasileira com a chegada dos escravos ao país, primeiramente as artes produzidas localmente eram na verdade releituras e recriações das obras vinda da cultura africana, porém ao passar do tempo, ficou cada vez mais eminente que a principal herança deixada pela cultura africana foi os sentimentos e os valores emocionais deixados para as comunidades descendentes que já possuíam um caráter cultural já constituído.
Muito das artes e os elementos artísticos produzidos esculturalmente e artesanalmente pelos afrodescendentes no período colonial e imperial, foi uma união com as culturas portuguesas e indígenas presentes no convívio dos escravos.
Além do destaque artístico afro-brasileiro nas esculturas e pinturas durante o período barroco, a arte musical foi notoriamente a mais difundida e até hoje repassada e ensinada para as novas gerações. Através dos atabaques, agogôs, tambores e berimbaus, a música afro-brasileira é ainda disseminada através das religiões, dos ensinos culturais e também pela capoeira.
Características da Cultura Afro-Brasileira
Uma das principais características da cultura afro-brasileira é que não há homogeneidade cultural em todo território nacional.
A origem distinta dos africanos trazidos ao Brasil forçou-os a apropriações e adaptações para que suas práticas e representações culturais sobrevivessem.
Assim, é comum encontrarmos a herança cultural africana representada em novas práticas culturais.
As manifestações, rituais e costumes africanos eram proibidos. Só deixaram de ser perseguidos pela lei na década de 1930, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas.
Assim, elas passaram a ser celebradas e valorizadas, até que, em 2003, é promulgada a lei nº 10.639 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação).
Essa lei exigiu que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio tenham em seus currículos o ensino da história e cultura afro-brasileira.
Os dois grupos de maior destaque e influência no Brasil são:
- os Bantos, trazidos de Angola, Congo e Moçambique;
- os Sudaneses, oriundos da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné.
Devemos ressaltar que as regiões mais povoadas com a mão de obra africana foram: Bahia, Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Isso devido à grande quantidade de escravos recebidos (região Nordeste) ou pela migração dos escravos após o término do ciclo da cana-de-açúcar (região Sudeste).
Aspectos da Cultura Afro-Brasileira
De partida, temos de frisar que a cultura afro-brasileira é parte constituinte da memória e da história brasileira e que seus aspectos transbordam as margens desse texto.
Ela compõe os costumes e as tradições: a mitologia, o folclore, a língua (falada e escrita), a culinária, a música, a dança, a religião, enfim, o imaginário cultural brasileiro.
As Festividades Populares
Festa de Yemanjá
|
O Carnaval, a maior festa popular brasileira, celebrada no início do ano e mobilizando a nação.
A Festa de São Benedito, principal festa do Congado (expressão da cultura afro-brasileira), comemorada no final de semana após a Páscoa.
E, por fim, a Festa de Yemanjá, realizada no dia 2 de fevereiro.
A Música e a Dança
Djembê, Tambor Africano |
A influência afro-brasileira está patente em expressões como Samba, Jongo, Carimbó, Maxixe, Maculelê, Maracatu. Eles utilizam instrumentos variados, com destaque para Afoxé, Atabaque, Berimbau e Tambor.
Não podemos perder de vista que estas expressões musicais são também corporais. Elas refletem nas formas de dançar, como no caso do Maculelê, uma dança folclórica brasileira, e do samba de roda, uma variação musical do samba.
Temos outras expressões de música e dança como as danças rituais, o tambor de crioula, e os estilos mais contemporâneos, como o samba-reggae e o axé baiano.
Finalmente, merece destaque especial a Capoeira. Ela é uma mistura de dança, música e artes marciais proibida no Brasil durante muitos anos e declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade em 2014.
A Culinária
Acarajé
|
A culinária é outro elemento típico da cultura afro-brasileira. Ela introduziu as panelas de barro, o leite de coco, o feijão preto, o quiabo, dentre muitos outros.
Entretanto, os alimentos mais conhecidos são aqueles da culinária baiana, preparados com azeite dendê e pimentas.
Destacam-se Abará, Vatapá e o Acarajé, bem como o Quibebe nordestino, preparado com carne-de-sol ou charque; além dos doces de pamonha e cocada
E, por fim, o prato brasileiro mais conhecido de todos: a feijoada. Ela foi criada pelos escravos como uma apropriação da feijoada portuguesa e produzida a partir dos restos de carne que os senhores de engenho não consumiam.
Culto de Candomblé
|
A religião afro-brasileira se caracterizou pelo sincretismo com o catolicismo, donde unia aspectos do cristianismo às suas tradições religiosas.
Isso ocorreu para que eles pudessem realizar as práticas religiosas africanas secretamente (associação de santos com orixás), uma vez que a conversão era apenas aparente.
Assim, nasceram do sincretismo Batuque, Xambá, Macumba e Umbanda, enquanto se preservaram algumas variações africanas da Quimbanda, Cabula e o Candomblé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário