quinta-feira, 9 de abril de 2020

AULA DE ARTES - 2° ANO: MANEIRISMO

O maneirismo foi um movimento artístico, que se desenvolveu no continente europeu no século XVI. Teve início na Itália, por volta de 1515, desenvolvendo-se, principalmente, as áreas da pintura, escultura e arquitetura.

Nesse período a Europa passava por diversas transformações políticas, econômicas e culturais, tal qual o Renascimento e a Contrarreforma, o que fez surgir uma nova estética que fugia dos moldes tradicionais e que se espalhou rapidamente por toda a Europa. 


Paralelamente ao renascimento clássico, O movimento artístico afastado conscientemente do modelo da Antiguidade Clássica: A palavra Maneirismo deriva da a palavra "maniera", ao referir-se ao estilo próprio, a individualidade de cada artista. O termo foi popularizado e utilizado pela primeira vez pelo artista italiano Giorgio Vasari, como sinônimo de leveza e sofisticação. Uma evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos.

Alguns historiadores o consideram uma transição entre o renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um estilo, propriamente dito. O certo, porém, é que o maneirismo é uma consequência de um renascimento clássico que entra em decadência. Os artistas se veem obrigados a partir em busca de elementos que lhes permitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o renascimento. 

Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na Europa nesse momento. Não só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida após a Reforma de Lutero. Carlos V, depois de derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e destrói Roma. Reinam a desolação e a incerteza. Os grandes impérios começam a se formar, e o homem já não é a principal e única medida do universo. 

Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a outras cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do renascimento, mas agora com um espírito totalmente diferente, criam uma arte de labirintos, espirais e proporções estranhas, que são, sem dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista. Mais adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades europeias. 

O maneirismo foi um protesto contra o que era sentido como racionalismo estéril e propriedade conservadora do classicismo. Os rebeldes maneiristas dobraram, racharam e quase romperam com a mentalidade dirigida por regras. Seus projetos eram excêntricos, complexos, cheios de surpresas e contradições. Para os classicistas, o ritmo regular era Deus. Para um maneirista, divino era o não convencional. De fato, todos os artistas de desse período que procuraram deliberadamente criar algo novo e inesperado, mesmo à custa da beleza “natural” estabelecida pelos grandes mestres, talvez tenham sido os primeiros artistas “modernos”. Veremos, de fato, que aquilo que é hoje designado por arte “moderna” pode ter tido suas raízes num impulso semelhante para evitar o óbvio e conseguir efeitos que diferem da convencional beleza natural. 

As principais características do maneirismo são: 

  • Sofisticação da arte 
  • Estilização exagerada, oblíqua e assimétrica 
  • Uso de Espirais, proporções, volumes e perspectivas intrigantes 
  • Capricho nos detalhes (arte de labirintos) 
  • Contrastes de sombra e luz 
  • Figuras alongadas, deformadas e/ou distorcidas 
  • Fortes combinações de cores 
  • Composições ambíguas, tensas, dramáticas, bizarras, perturbadoras 
  • Aproximação com o Barroco e o Realismo 
  • Ruptura com modelos clássicos (Estilo anti-renascentista) 

ARQUITETURA

Principais artistas e suas obras principais: 

Michelangelo Buonarotti (1475-1560) foi o primeiro a jogar com o estilo antigo, dando a seus projetos um toque de subversão. Ele que sempre insistiu em ser um escultor, provou ser igualmente versado em arquitetura, Ele tratava um edifício ou um conjunto de edifícios como uma massa de sólidos e vãos esculturais a serem moldados. 

Andrea Palladio (1518-1580) o interesse que tinha pelas teorias de Vitrúvio se reflete na totalidade de sua obra arquitetônica, cujo caráter é rigorosamente clássico e no qual a clareza de linhas e a harmonia das proporções preponderam sobre o decorativo, reduzido a uma expressão mínima. Somente dez anos depois iria se dedicar à arquitetura sacra em Veneza, com a construção das igrejas San Giorgio Maggiore e Il Redentore. 

Bartolomeo Ammanatti (1511-1592) realizou trabalhos em várias cidades italianas. Decorou também o palácio dos Mantova e o túmulo do conde da cidade. Conheceu a poetisa Laura Battiferi, com quem se casou, e juntos se mudaram para Roma a pedido do papa Júlio II, que o incumbiu da construção de sua vila na Porta del Popolo. Começaram assim seus primeiros passos como arquiteto. No ano de 1555, com a morte do papa, voltou para Florença, onde venceu um concurso para a construção da fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou uma cidade ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os seus bens.

Giorgio Vasari (1511-1574) é conhecido por sua obra literária Le Vite (As Vidas), na qual, além de fazer um resumo da arte renascentista, apresenta um relato às vezes pouco fiel, mas muito interessante sobre os grandes artistas da época, sem deixar de fazer comentários mal-intencionados e elogios exagerados. Sob a proteção de Aretino, conseguiu realizar uma de suas únicas obras significativas: os afrescos do palácio Cornaro. Vasari também trabalhou em colaboração com Michelangelo em Roma, na década de 30. Suas biografias, publicadas em 1550, fizeram tanto sucesso que se seguiram várias edições. Passou os últimos dias de sua vida em Florença, dedicado à arquitetura.

PINTURA

É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os pintores da segunda década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas, criam esse novo estilo procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte pela própria arte.

As principais características da pintura maneirista são: 

Composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente.
  • Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem torneados do renascimento. Os músculos fazem agora contorções absolutamente impróprias para os seres humanos.
  • Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado minucioso e cores brilhantes.
  • A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis.
  • Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade, encontrá-lo.
  • Valorização das interpretações individuais, pelo dinamismo e complexidade de suas formas, a fim de se conseguir maior emoção, elegância, poder e tensão.

Principais artistas e suas obras principais: 

Rosso Fiorentino (1494-1540), nascido Giovan Battista di Jacopo, foi pintor e decorador italiano, um dos fundadores da Escola Fontainebleau, no Castelo de Fontainebleau. Ele foi aprendiz de Andrea del Sarto, combinava influências de Michelangelo e do gótico do Norte.

Jacopo Pontormo (1494-1557), nascido Jacopo Carucci, foi um pintor italiano da Escola Florentina. Famoso pelo uso de poses contorcidas, perspectiva distorcida cores marcadamente incomuns e peculiares, que pareciam espelhar seu temperamento neurótico e inquieto. Pintou somente em Florença, com o patrocínio da Família Médici. Em 1522, com a peste em Florença, Pontormo partiu para Certosa di Galuzzo, um monastério da Ordem dos Cartuxos, onde pintou uma série de afrescos. O grande altar construído por Brunelleschi para a Capela Capponi, na Igreja de Santa Felicita, em Florença, é considerada sua obra-prima. Seu estilo compartilhava com o maneirismo de Rosso Fiorentino e Parmigianino. De alguma forma, antecipou o Barroco e as tensões de El Greco.

Parmgianino (1503-1540), nascido Girolano Francesco Maria Mazzolla, foi influenciado pela obra de Rafael e Michelangelo, afastou o seu conceito de beleza da realidade observável e natural. Para ele, a função da arte era transmitir sensações estranhas e excitantes, para o que teria de criar um necessário artificialismo. Assimilaria de Correggio o classicismo, convertendo-o em maneirismo, mantendo o ilusionismo do primeiro, mas traduzindo-o em modelos mais decorativos e com maior vitalidade das formas.

Tintoretto (1518-1594) chamava-se Jacopo Robusti, apelidado de Tintoretto, também estava cansado da beleza simples nas formas e cores que Ticiano havia mostrado aos venezianos. Resolveu contar suas histórias de maneira diferente e fazer com que o espectador sentisse a emoção e o drama intenso dos eventos que pintava. Por sua energia fenomenal em pintar, foi chamado Il Furioso, e sua dramática utilização da perspectiva e dos efeitos da luz fez dele um dos precursores do Barroco. Seu pai, Battista Comin, trabalhava tingindo seda, o que lhe valeu o apelido.

El Greco (1541-1614) nascido na ilha grega de Creta, com nome de Doménikos Theotokópoulos, que foi apelidado de El Grego (“o grego”). Em seu berço natal, deve ter-se habituado a ver imagens de santos à antiga maneira bizantina: solenes, rígidas e remotas de qualquer semelhança com o aspecto natural. Não estando treinado a estudar quadros pelo seu desenho correto, nada viu de chocante na arte de Tintoretto, e sim muita coisa que o fascinou. Pois também ele, ao que parece, era um homem apaixonado e devoto que sentia uma necessidade imperiosa de contar as histórias sagradas de uma nova e emocionante forma. 

Hans Holbein (1497-1543) nasceu em Augsburg, uma rica cidade mercantil com estreitas relações de comércio com a Itália. Cedo se transferiu para Basileia, um renomado centro do Novo Saber. Tinha pouco mais de 30 anos quando pintou o maravilhoso retábulo da Virgem com a família do burgomestre (prefeito) de Basileia como doadores. 

Pieter Bruegel, "o Velho" (1525-69). Pouco se sabe de sua vida, exceto que esteve na Itália, como tantos outros artistas setentrionais de seu tempo, e que viveu e trabalhou na Antuérpia e Bruxelas, onde pintou a maioria de seus quadros na década de 1560, na mesma década em que o austero Duque de Alba chegou aos países baixos. 
O gênero de pintura em que Bruegel se concentrou foram cenas da vida camponesa. Pintou aldeões divertindo-se em festejos, no trabalho, e por isso, as pessoas acabaram pensando que ele era um dos camponeses flamengos.

Giuseppe Arcimboldo (1527-1593) pintor italiano, consolidou sua carreira como artista em Praga, então capital do reino da Boêmia e hoje da República Tcheca. Ele foi admirado como artista pelos monarcas, tornou-se pintor da corte e chegou a ser nomeado Conde Palatino. Praga transformou-se no século XVI em um dos maiores centros culturais da Europa, de intensa e diversa atividade cultural e científica. Seus governantes eram vistos, além de seus domínios, como simpatizantes do exótico. 

ESCULTURA

Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às formas clássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento da realidade. Em resumo, repetem-se as características da arquitetura e da pintura. Não faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão característica do espírito maneirista.

A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil, as figuras são unidas por contorções extremadas e exagerado alongamento dos músculos.

Principais artistas e suas obras principais: 

Benvenuto Cellini (1500-71) foi um artista típico desse período, escultor e ourives florentino, ele descreveu sua própria vida num livro famoso, que nos oferece um quadro imensamente colorido e vívido de sua época. Ele era implacável, fútil, mas é difícil ficar irritado com o homem porque nos conta a história de suas aventuras e façanhas com tanta volúpia e agilidade que pensamos estar lendo um romance de Dumas. Em sua vaidade, extravagância e temperamento irrequieto, que o impeliram de cidade em cidade, e de corte em corte, criando conflitos e brigas, e ganhando os louros, Cellini é um verdadeiro produto de seu tempo. Para ele ser artista já não era o ser respeitável e acomodado proprietário de uma oficina; era ser um virtuose por cujos favores príncipes e cardeais deveriam competir. Uma de suas obras inusitadas é um saleiro de mesa feito em 1543 para o Rei da França, que possui duas figuras que representam a terra, uma mulher, e o mar, um homem.

Giambologna (1529-1608), nascido como Jean de Boulogne, de origem flamenga, a quem os italianos chamavam Giovanni Bologna, deu seus primeiros passos como escultor na oficina do escultor e arquiteto francês Jacques du Broeucq. Poucos anos depois se mudou para Roma, em 1550, onde se supõe que teria colaborado com Michelangelo em muitas de suas obras. 

Giulio Romano (1492-1546) levou o maneirismo ao extremo. Na villa campestre, o Palazzo del Tè (iniciado em 1524), ele deliberadamente violou todas as regras. Cada fachada é diferente, marcada pelo uso excêntrico dos motivos clássicos. O projeto é intencionalmente assimétrico, com colunas e arcos em ritmo irregular. No interior, a sensação de insegurança é reforçada por um teto em afresco, mostrando a batalha entre gigantes e deuses. Blocos de pedra, rochas e colunas inclinadas parecem cair sobre as cabeças dos espectadores. Percorrendo a sala, Vasari observou que: um visitante “só pode temer que tudo desabe sobre ele”.

Mais sobre o Maneirismo, assista o vídeo: Maneirismo


AULA REFERENTE AO  PERÍODO: 09 A 13 DE ABRIL
Deverá fazer a leitura do texto para atividade posterior

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