A arte indígena é uma parte valiosa da cultura brasileira e um dos pilares a partir dos quais o nosso imaginário nacional se formou. Considera-se arte indígena aquela que foi produzida pelos povos nativos antes, durante e depois do processo de colonização.
A arte indígena é múltipla e bastante diversificada; ela assume diferentes facetas, formas e atributos, dependendo da localização, do povo e das suas tradições.
Assim, a arte de cada tribo ou etnia indígena apresenta as suas singularidades. Existem, no entanto, traços comuns que são transversais às várias regiões: um exemplo é a pintura corporal.
Um dos traços mais marcantes da arte indígena é a sua dimensão coletiva. Aqui, o fazer artístico não se trata de uma atividade individual: pelo contrário, é partilhado.
A arte indígena está intimamente ligada à vida em comunidade, às necessidades diárias, às celebrações, cerimônias e rituais.
Deste modo, em traços gerais, podemos afirmar que embora as peças tenham preocupações estéticas, existe sempre um grande caráter utilitário, ou seja, tratam-se de objetos que podem ser (e são) usados no cotidiano.
A arte indígena não é uma atividade separada, individualizada. Normalmente, ela se mostra totalmente ligada à vida cotidiana e a elementos rituais, como nas pinturas corporais. Estas fazem com que cada grupo ou tribo indígena se torne diferente de outra. Mesmo assim, muitas tribos, como os karajás, usam a pintura corporal como enfeite.
Uma pintura corporal ou uma dança ritual, por exemplo, bem ou não tão bem executadas cumprem seu papel social. No entanto, a qualidade da pintura e a habilidade do dançarino são avaliadas do ponto de vista artístico. Sem dúvida o pintor ou o dançarino têm suas habilidades reconhecidas pelo grupo e ganham certo prestígio por isso.
A influência da arte indígena se faz sentir hoje onde ainda há ocupação indígena, pois o contato desses grupos com comunidades ribeirinhas, vilas e cidades faz com que estes grupos não índios sejam influenciados pela cultura nativa. Esta situação ocorre com maior frequência nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.
Conheça, abaixo, os tipos mais comuns de arte indígena, suas características e significados.
Pintura Corporal
Uma característica marcante dos povos indígenas do Brasil é a pintura corporal, que identifica a classificação social de cada indivíduo em sua etnia. É possível verificar que a pintura exige técnica e depende da habilidade de quem a faz. Entre os cadiuéus, por exemplo, a pintura da face é feita a partir de alguns elementos básicos, como espirais, listras, cruzes etc.
O arranjo destes elementos é livre, podendo alcançar uma infinidade de combinações. Pela liberdade que se tem para combinar estes elementos, a pintura da face se torna uma atividade artística, dependendo da noção estética do pintor. Outro exemplo semelhante é o das mulheres carajás, que se pintam com padrões de desenhos inventados por elas mesmas.
Na pintura corporal, o urucum geralmente é utilizado para extrair a cor vermelha. Do jenipapo, obtém-se um tom de azul bem escuro, quase preto. Além disso, há o pó de carvão para a cor preta e calcário para a cor branca. A pintura pode ser feita com as mãos e os dedos ou pode-se utilizar hastes de palha. Em alguns casos, são feitos carimbos esculpidos em madeira ou outro material para se imprimir os padrões no corpo.
Eles pintam o corpo também para defende-lo contra o Sol, os insetos e os espíritos maus. Também para revelar de quem se trata, como está se sentindo e o que pretende.
As cores e os desenhos são uma forma de comunicação. O cuidado na preparação da tinta, a seleção das cores e dos desenhos tem o objetivo de favorecer aqueles que os usam, proteção e sucesso na caça, na guerra, na pesca, na viagem.
Cada tribo e cada família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Nos dias comuns a pintura pode ser bastante simples, porém nas festas, nos combates, mostram-se mais requintadas, cobrindo diferentes partes do corpo e se agregando a outros adornos corpóreos, como brincos, colares e pulseiras.
A pintura corporal é geralmente uma função feminina; a mulher pinta os corpos dos filhos e do marido. Assim como a pintura corporal, a arte plumária serve para se enfeitar, como mantos, máscaras, cocares, e passam aos seus portadores elegância e majestade.
Índias pintadas durante um ritual. (Foto:Wikimedia) |
Arte Plumária
Outro importante trabalho indígena é a arte plumária. Nela se constitui trabalhos com plumas e penas de pássaros. Esses podem ser colares, braceletes, brincos, diademas, toucas, caudas e mantas. Ao contrário do que se imagina, os indígenas não utilizam a arte plumária cotidianamente. Os adornos são usados apenas em rituais e depois guardados. Há grande preocupação dos indígenas em conservar tais adornos.
As penas são obtidas na caça a algumas aves, porém, quando desejam obter penas de cor específica, podem tingir penas brancas com um corante ou utilizam uma técnica chamada tapiragem. A tapiragem consiste em depenar a ave viva e esfregar em sua pele substâncias que influenciam a cor da penugem que irá nascer ou, então, muda-se a alimentação da ave para obter o mesmo efeito.
Máscaras
Outro exemplo de arte indígena brasileira são as máscaras produzidas pelos índios. Elas são feitas com cascas de árvore e cabaças de palha de buriti. São usadas em danças cerimoniais, e no momento dos rituais, representam a figura viva do ser sobrenatural.
Para os índios, esse simbolismo é uma maneira de aproximá-los das forças sobrenaturais, onde eles sentem que essas forças os ajudam a ler os códigos inscritos nos rituais e mitos.
Além disso, os índios atribuem o uso da máscara à representação de entidades que conflitaram com eles no passado. Sendo assim, durante as cerimônias essas máscaras são usadas para acalmar essas mesmas entidades.
Cerâmica
A grande maioria de tribos indígenas desenvolvem o trabalho com a cerâmica. São produzidos vasos (às vezes zoomóficos) e panelas através do barro modelado, geralmente as peças são pintadas e feito desenho abstrato.
Cestaria
A maiorias das cestas indígenas são, em sua grande maioria, produzidos a partir de palhas e folhas de palmeiras. Elas são feitas por mulheres, que utilizam diferente técnicas de traçado para dar um aspecto mais bonito e usados para armazenar alimentos, guardar materiais, coar líquidos, peneirar farinha, entre outros.
Música
Os índios também valorizam muito a música. Muitos instrumentos musicais foram criados pelos indígenas, como flautas e chocalhos. A música era usada por todas as tribos como passatempo ou em rituais sagrados.
Dança
Além desses exemplos, a dança é outro tipo de arte indígena brasileira. Isso porque os índios realizam a dança para quase tudo, desde celebração de uma colheita até fazer homenagens para pessoas mortas.
A dança indígena é, portanto, um costume muito característico entre os índios, no qual eles têm a intenção de realizar um ritual. Os motivos são os mais diversos, como: espantar maus espíritos, espantar doenças, pedir ou agradecer tempos de colheita, ascensões dentro das tribos, mudança entre fase jovem e adulta, dentre outros.
Ela é realizada tanto por homens quanto por mulheres. Nas danças é muito comum o uso de outros tipos de arte indígena brasileira, como o uso de plumagens, acessórios e pinturas corporais, que podem variar de acordo com o motivo do ritual.
As danças indígenas mais conhecidas são: o toré, que está relacionada a união entre os índios da região Nordeste do país mais a cultura de outros povos indígenas, e o karub, que tem a finalidade de homenagear pessoas mortas.
Conteúdo referente à aula do período: 27/05 a 03/06/2020. Neste intervalo você deverá fazer o estudo do material.
Questionamentos poderão ser feito pelo grupo do whatsApp ou pelo e-mail: santosjotab@gmail.com
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