quinta-feira, 2 de abril de 2020

SEMANA D E 23 DE MARÇO A 27 DE março

O QUE É A EDUCAÇÃO FÍSICA??



OBS:  ATIVIDADE NO FINAL DO  TEXTO 

Considerada como cultura do físico, constituindo-se como parte da Medicina, criadora de sofisticadas técnicas esportivas, vinculadora de ideologias. Afinal, o que é Educação Física? O que não se discute é o seu compromisso em estudar o homem em movimento. O que também se aceita é a ginástica, o jogo, o esporte e a dança como instrumentos para cumprir os seus objetivos. Talvez o que esteja faltando seja a elaboração consciente e adequada desses objetivos. E mais, como desenvolver essas atividades. Não se discute, também, - independente do ângulo do observador, que a Educação Física existe em função do homem, enquanto ser individual e social. 
Nessa medida, é cultura no seu sentido mais amplo, fertilizando o campo de manifestações individuais e coletivas. É transmissora de cultura, mas pode ser, acima de tudo, transformadora de cultura. Incorpora conhecimentos da Medicina, mas ninguém será capaz de considerar o professor de Educação Física como aquele que cura. A tecnologia esportiva produz campeões e recordes inacreditáveis, mas em sã consciência - e em corpore sano -, não podemos aceitar que essa é a sua missão precípua. Deve haver alguma coisa, em algum ponto, que dê sentido a essa práxis, revelando uma identidade genuína. Isso mesmo. A impressão é de que a Educação Física perdeu, ou não chegou a possuir, uma verdadeira identidade. E o agente de toda essa ação, o professor, envolvido num emaranhado de opções, corre de uma escola para uma academia, desta para um clube, então para outra escola. 
E daí? Por que faz tudo isso? Deveria haver um móvel - além da sobrevivência - que o levasse de um lugar para o outro. Quais são as suas expectativas? Qual deveria ser a sua função na sociedade? Sua atuação quase sempre reflete atitudes formalizadas, mecanizadas. O que não oferece dúvida, é que a Educação Física se ressente de um engajamento filosófico a orientá-la em direção às suas finalidades. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ A Educação Física e o Indivíduo O início de nossas reflexões deveria recair sobre uma questão que sempre foi transcendental para o homem: ele mesmo. Quem é esse homem que se movimenta, desde a pré-história, pelos mais dignos ou estranhos motivos? Desde cedo, vários pensadores formularam hipóteses acerca da existência de um lado imaterial no ser humano. É o chamado homem interior. Mesmo os que aceitavam essa possibilidade especulavam em relação a uma justaposição (atomismo) ou uma interatuação (holismo) entre o material e o imaterial no homem. Alguns estabeleciam um abismo entre a mente e a matéria, outros viam o homem como unidade psicossomática, onde o corpo e a mente formavam um todo indivisível. 

Para fins analíticos, podemos observar o ser humano sob os seus diversos aspectos - afetivo, psicomotor e intelectual. Não devemos aceitar, porém, o fato de, isoladamente, qualquer desses componentes manter-se incólume à ação dos demais. Admitindo o ser humano existindo como um todo, transparece a idéia de que o professor de Educação Física não pode, mesmo desejando, tratar apenas do físico das pessoas. Seria impossível, nessa perspectiva. Desaparece definitivamente a imagem do "educador do físico". A sua ação explícita é sobre o corpo, sem dúvida. Mas os benefícios extrapolam o corporal. Nessa medida, falham os currículos que se preocupam essencialmente com as matérias biomédicas e as técnicas esportivas, desprezando o estudo da Filosofia e da História, entre outras. Em vários cursos, essas disciplinas existem, mas quase sempre relegadas a um segundo plano, como assuntos irrelevantes e descartáveis. Essa discriminação aliena a Educação Física de alguns dos seus propósitos mais autênticos, fazendo-a assumir uma postura dogmática, acrítica, onde o discurso sobre o homem torna-se fragmentado e secundário. Não pretendemos excluir o desenvolvimento da aptidão física das preocupações da Educação Física. Nem o desenvolvimento de habilidades motoras por intermédio dos jogos e esportes. Correríamos o risco de descaracterizar a profissão. 

O fundamental é que se compreenda que essas atividades são meios e não fins. À medida que o desempenho esportivo, materializado pelo recorde, passa a encher os olhos dos alunos, professores e administradores, os valores mudam de direção. O que devia ser meio transforma-se em fim. Essa cegueira pedagógica assume proporções inaceitáveis. Um bom exemplo são as escolas que oferecem bolsas de estudo para atletas de um clube, fazendo-se representar por uma equipe de alto nível em campeonatos escolares. Nessa escola, esporte não é Educação Física. Imaginemos qual o tipo de motivação que os alunos têm em suas aulas, conhecendo as barreiras intransponíveis para jogar nas equipes representativas. Alguém pode argumentar que a competição esportiva não é o único - nem o principal - objetivo da Educação Física. Nessa escola, porém, será o único que receberá todas as honras. Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ Em relação à ginástica, alguns modelos ainda sugerem massificação, na medida em que não respeitam as características e limitações individuais. O conhecido "1, 2, 3, 4" ainda reflete preceitos recomendados há quase um século. Esse mecanicismo não atende à sagrada individualidade das pessoas, coisificando-as. Uma verdadeira agressão ao eu. A mesma carga de trabalho, todos realizando os mesmos exercícios da mesma forma, começando e terminando na mesma hora. Essa tendência à uniformidade contribui para o desestímulo da prática da ginástica, pois sacrifica os menos aptos e não satisfaz os bem preparados. A Educação Física tem de respeitar os níveis de maturidade motora, a capacidade de rendimento e os interesses individuais. São pressupostos para que a ginástica seja Educação Física. Caso contrário, não passará de adestramento físico.

 A Educação Física e a Inteligência 
 Atualmente, muito se fala em escolas para desenvolver o raciocínio. A idéia é bem antiga, e já na época de Sócrates (século V a.C.) encontramos esse objetivo como fundamental no processo educativo. A própria maiêutica socrática era um método que se propunha a levar o discípulo a descobrir a verdade: era a arte de fazer nascerem as idéias. O homem, enquanto ser total, não pode prescindir da inteligência nas suas ações, inclusive motoras, é muito difícil - senão impossível - estabelecer limites entre a aprendizagem motora e a intelectual. Quando acontece a primeira, seguramente está ocorrendo a segunda. A atividade física, havendo de ser aprendida, não pode ser considerada unicamente no plano motor. Apresenta também valores intelectuais. A integração físico-mente (material-imaterial) surge de inferências feitas desde a pré-história. Há três ou quatro milhões de anos, apareceu o primeiro ser bípede (homo hábilis), possivelmente o primeiro exemplar de quem hoje chamamos homem.
 O saudoso Cagigal, um dos maiores pensadores da Educação Física contemporânea, considera o fato como o inicio do processo de tecno-intelectualização do homem. Tecno-intelectualização não representa a adaptação da inteligência a uma determinada técnica, mas o processo de intelectuaiização integrado à ação. Uma autêntica revolução tem início quando as mãos são liberadas do solo. O homem começa a construir ferramentas. Não se tem certeza de que a liberação das mãos aconteceu em virtude da necessidade de construir ferramentas, ou se esta necessidade promoveu aquela liberação. Quem nasceu primeiro, o ovo ou. . .? Não importa. Vale a constatação de que o processo de desenvolvimento da inteligência humana sempre esteve em constante comunhão com o movimento. Atualmente já não se considera como inteligência a simples capacidade de compreensão. A criatividade seria a manifestação suprema de inteligência. A própria inteligência. A moderna tecnologia é capaz de reproduzir eletronicamente várias faculdades humanas (observação e memória, por exemplo), menos uma: o poder criativo. Este só se deve esperar do homem. Através do desenvolvimento desse potencial, as pessoas encontram-se consigo mesmas, Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ ao mesmo tempo que se habilitam a estabelecer relações com o meio ambiente. O excesso de tecnicismo (gerador de hábitos) afasta a Educação Física de sua fundamental participação no desenvolvimento da inteligência (criatividade). 

No momento em que, pela ginástica ou pelo esporte, as atividades são baseadas na repetição, não está havendo mais Educação Física. Em aulas - principalmente nas escolas, onde é pecado mortal - o professor está sempre pensando no lugar do aluno. Se uma corda é estendida na quadra e a tarefa consiste em "passar para o outro lado", imediatamente o professor pede que o façam com um pé, depois com ambos os pés, saltando e girando no ar, ou passando por baixo. Estão sendo dadas as possíveis soluções do problema que era dos alunos, e não do professor. Em lugar de ordens, deveríamos facilitar descobertas: "Quem consegue passar para o outro lado da corda?”. 

A Educação Física e a Afetividade 

 O fanatismo "científico", característico dos nossos dias, considera que apreciar atitudes, idéias e traços de caráter seja um modo pré-científico de analisar o comportamento humano. A tendência comportamentalista ("behaviorista") opõe-se ao estudo das teorias preocupadas em explicar os processos mentais e que admitem a existência daquele "homem interior" ao qual já nos referimos. Considera que o importante é o comportamento manifesto, ou seja, o "homem exterior". Ao pesquisar personalidades, propósitos e intenções, considerando-as como atributos de um "homem interior", não se estaria dando um passo à frente na abordagem "científica" do comportamento. O que precisaria ser explicado é o "homem exterior". Afinal, foi à imagem deste que o "homem interior" teria sido criado. Os comportamentalistas admitem a existência de processos mentais superiores, mas não vêem no comportamento que se manifesta uma dependência do que acontece no interior do organismo humano. Objetivamente, este comportamento observável será formado pelas contingências de reforço (o efeito de alguma coisa sobre a pessoa) que, aplicadas acidental ou deliberadamente, modificam o comportamento. Recomendam a criação de uma tecnologia do comportamento - e o planejamento da própria cultura - que possibilite alterações expressivas na conduta humana. Os reflexos das teorias behavioristas extrapolam as paredes dos laboratórios freqüentados por ratos, pombos e cães. Transmitem uma visão do mundo onde as pessoas seriam meros espectadores de uma cena dirigida por alguns poucos, conhecedores do que é melhor para os demais. 

A Educação, de um modo geral, sofre as conseqüências dessa cosmovisão. Desprezando interesses, sentimentos, atitudes, emoções e valores, distancia o aluno da sua realidade existencial, numa concepção antidialética dessa existência. Carl Rogers, um dos maiores opositores dessas idéias, considera que a aprendizagem convencional opera a nível puramente intelectual, Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ situando-se, conforme expressão muito feliz, "do pescoço para cima": é a aprendizagem de sílabas sem sentido (baz, ent, nep, arl) ou exercícios de memorização sobre fatos e datas históricas. Levantar um braço não tem significado, a menos que o levantemos para saudar um amigo, lançar uma bola ou tocar em algum objeto. Inspirados na imagem que Rogers criou, podemos afirmar que, em Educação Física, a aprendizagem opera "do pescoço para baixo". Para cima ou para baixo, o mais importante é a negação da totalidade do homem. 
 Nas aulas de Educação Física, desenvolver as qualidades físicas é, sem dúvida, um dos objetivos mais importantes a serem atingidos. Quando desejamos enfatizar a qualidade física chamada resistência aeróbica, imprescindível para os corredores, pedimos aos alunos que corram em torno da quadra. Voltas e mais voltas desenvolverão, por certo, a resistência almejada. Esse exercício, porém, carece de significado. Além de não promover um envolvimento intelectual e afetivo, em que circunstância essa tarefa será repetida? É fácil constatar que as pessoas só correm em círculos nas aulas de Educação Física! Por isso mesmo, todas as vezes que, durante uma aula, pedimos a adultos para correrem, eles imediatamente o fazem em círculo, embora haja bastante espaço e esta sugestão não tenha sido dada. Estão condicionados. Correr em círculo é um exercício com tão pouca significação - principalmente para crianças - quanto correr no mesmo lugar ou correr para trás, que contrariam os objetivos inerentes ao ato da corrida. Seria o mesmo que nadar sem água ou jogar voleibol sem bola. É preciso que os exercícios físicos não sejam o fruto da pura imitação mecânica; só assim a Educação Física passará a estimular a inteligência, não embrutecendo o indivíduo, é importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os seus gestos. Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a "sensação de si mesmos", proporcionada pelo nosso sentido cinestésico (propriocepção), normalmente desprezado. Caso contrário, estaremos diante da "deseducação física". 

A Educação Física e a Sociedade 

 As escolas e os meios de comunicação quase sempre trabalham para produzir - como numa fábrica - indivíduos "adaptados" à sociedade a que pertencem. As pessoas são formadas (ou deformadas) para exibir um perfil dependente, acrítico e submisso. O restabelecimento dos laços que identificam o homem com a sociedade implica, inicialmente, a identificação deste homem consigo mesmo. A Educação Física pode participar neste processo, criando ambientes favoráveis para alguém tornar-se, realmente, pessoa. Implantada por militares em diversos países, a Educação Física objetivava unicamente o treinamento físico-militar, necessário à sua formação. Esse espírito foi, nesses países, transferido para o meio civil. Neste, primeiro Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ foi ministrada pelos próprios militares e, posteriormente, por civis. Estes não consideraram a inadequação dos métodos militares à prática educacional, criando uma tradição de rigidez disciplinar que não se coaduna com o ambiente civil. 

O professor de Educação Física passou a assumir o papel de preparador físico, incorporou às suas aulas exercícios de ordem unida e tornou-se um "disciplinador por excelência". As funções da Educação Física, porém, não se esgotam no seu relacionamento com o indivíduo. Este não deve ficar isolado do contexto no qual está inserido, pois corre o risco de se transformar num simples paciente (agora no sentido social) das forças que interagem à sua volta. A Educação Física, apesar de ser uma atividade essencialmente prática, pode oferecer oportunidades para a formação do homem consciente, crítico, sensível à realidade que o envolve. Mas pode, também, gerar o conformista. Inúmeras passagens históricas ilustram a utilização da Educação Física como meio de adaptação dos indivíduos ao pensamento dominante. Um dos exemplos mais enfáticos é o da formação de associações civis destinadas a "prestar culto à pátria". São bem significativos os modelos do tipo "Juventude Hitlerista", "Juventude Brasileira", "Mocidade Portuguesa", "Juventude Comunista" etc., criados na primeira metade do século. Essas instituições tinham, oficialmente, a finalidade de proporcionar educação cívica, moral e física aos cidadãos. 

Longe de pretender uma autêntica participação social, os seus objetivos eram, principalmente, ajudar a implantar um clima de passividade social. Não propiciavam oportunidades para o desenvolvimento de mentes críticas. Existiam apenas para massificar consciências, unificando-as de acordo com os interesses dominantes. A educação cívica não nascia de um comprometimento do indivíduo com interesses comunitários. Era a subserviência às normas arbitrariamente estabelecidas pelo poder. A educação moral não emanava do convívio grupal. Era imposta sob forma de disciplina moral. A Educação Física não era propriamente educação, era adestramento, vigor físico. Cultura do físico. Não é somente pela coação que a Educação Física pode atuar na sociedade. A cooperação é um canal que, adequadamente utilizado, ajuda na formulação de valores significativos para o grupo social. O jogo é a forma mais simples e natural para o desenvolvimento de um sentimento grupal, é o elemento da cultura que contém maiores possibilidades para sociabilizar (tornar sociável) e também socializar (estender vantagens particulares ao grupo). No jogo, a administração do choque de interesses individuais acontece numa atmosfera liberal. O jogo, enquanto ação livre, oferece reais oportunidades para o exercício da democracia. A dinâmica do jogo permite a emergência de valores genuínos, em lugar daqueles que, normalmente, são impostos. 

Sintetizando os conceitos de cultura e educação, seria o instrumento ideal para a vinculação do indivíduo à sociedade. O Esporte para Todos seria a manifestação, na Educação Física, dos ideais da Educação Permanente: a Educação Física Permanente. Desvinculado do esporte formal, não é um espaço para o surgimento de "talentos" esportivos. Dispensa paternalismos, dependendo de recursos criados pela própria comunidade. 
 A Educação Física Permanente é a tendência nobre da Educação Física atual. Infelizmente, as coisas são boas ou más dependendo do uso que delas se faz. O Esporte para Todos pode desviar-se dos seus objetivos quando atende a outros interesses, que não os da comunidade. Nesse caso, acontece uma total inversão de valores. Atendendo a exigências do mercado consumidor, elitiza a prática esportiva. Utilizado como apoio para o esporte de alto nível, formaliza-se. Contagiado ideologicamente, serve para camuflar realidades sociais e obstrui a ação comunitária


 REALIZAR A LEITURA DOS TRECHOS DO LIVRO : O QUE É EDUCAÇÃO FÍSICA.  E DESCREVER A IDÉIA DO AUTOR SOBRE A TEMATICA EM QUESTÃO  POR TÓPICOS 

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