Por Roniel Sampaio Silva
A violência é
um dos principais problema da maioria das sociedades contemporâneas. Ela se
configura de múltiplas
formas e aparentemente tende a crescer. Todavia, não devemos
confundir violência com sensação de
violência, esta por sua vez está associada à noção de risco e
segurança debatido na obra de Giddens “As consequências da modernidade”. A
sensação de violência é quase sempre maior que a violência em alguns momentos para
que seja tirado proveito financeiro do percurso risco-segurança.
Vamos fazer uma breve análise de quem são os
favorecidos e quem são os prejudicados desta violência. Analise o seguinte
raciocínio da configuração social da violência:
Pense numa sociedade desigual em que a maioria dos
criminosos são pobres, negros e etc. Como boa parte sabe, estes também
prejudicam da criminalidade, inclusive, outros negros e pobres em situação
igualmente parecida. Uma em que a violência acompanha as mazelas sociais. Essa
conclusão foi apresentada no mapa da violência 2013: (verwww.mapadaviolencia.org.br/pdf2013/mapa2013_homicidios_juventude.pdf).
1- Junte isso com as regalias do poder judiciário,
cito o exemplo do meu estado em que poucos processos são julgados :
https://portal-o-dia.jusbrasil.com.br/politica/103855777/poder-judiciario-do-piaui-teve-2-pior-desempenho-do-pais-segundo-cnj
A Falta de julgamento bem como, a falta de punição
adequada à pena, cria uma punição seletiva baseada em condição social. As
mazelas sociais influenciam na ação de crimes, e como se não bastasse, a
condição socio-econômica influencia quem vai ser punido ou não. É preciso punir
com rigor as pessoas independentemente da condição social, seja ele Thor Batista ou
os Adolescentes
de Brasília que assassinaram um índio Pataxó.
2- Toda essa situação provisória de detentos sem
julgamentos cria um inchaço nos presídios, provocando superlotação. Por conta de
tais falhas, muitos acusados são liberados porque não tiveram julgamento e
tiveram os prazos processuais vencidos. Isso dá bandeira branca para que se
cometa mais crimes. Cito novamente meu estado para acompanhar o
raciocínio.
https://180graus.com/artigos/advogado-critica-em-artigo-falta-de-estrutura-na-penitenciaria-feminina
3- A maioria das pessoas, acredita que o extermínio de
criminosos seja a solução da criminalidade. Entretanto, isso acaba com o
criminoso, mas não com o crime. A guerra contra o crime do rio já vitimou
muitos criminosos e inocentes e isso piorou a situação por acirrar os
confrontos. É necessário combater o crime a curto prazo, mas a longo prazo é
preciso ter bons resultados de políticas públicas de inclusão.
Há uma militância contra os direitos humanos dentro
e fora dos presídios. Segundo especialistas, as condições
insalubres tendencia os detentos à reincidência. Nossa sociedade
vingativa e socialmente tendenciosa cria uma “legitimidade” que viola os
direitos humanos e faz com que se transforme numa “bola de neve” uma vez que os
detentos se tornam ainda mais violentos com a sociedade. Em suma, a
ineficiência da justiça cria prisoneiros sem condições dignamente humana, que
são liberados rápidos à sociedade ainda mais revoltados para cometer crimes de
maneira ainda mais violenta.
4- Prisioneiros tornam-se criminosos muito mais
perigosos porque nosso paradigma de ressocialização não funciona. É
“universidade de bandido.” O fato dos prisioneiros não poderem trabalhar dentro
das penitenciárias em razão de não terem sido julgados cria espaços de
ociosidade e acentua a especialização criminosa. Quem comete pequenos delitos
pode passar a ter cometer crimes mais graves por influências de outras
associações criminosas.
5- A superlotação dos presídios beneficia empresas
terceirizadas que prestam serviços de lavanderia, limpeza e fornecimento de
alimentação, entre outras. A construção de novas unidades prisionais, embora
beneficie os apenado,s favorece também as empreiteiras e revolta a opinião
pública pelo fato de se esperar mais políticas públicas preventivas do crime,
educação, trabalho, moradia e inclusão social.
6- A sensação de insegurança beneficia a empresas de
armamento e segurança privada e é potencializada nos programas policialescos
para justificar a criminalização da pobreza e para movimentar o comércio.
7- Muitas dessas empresas que lucram com esses sistema
financiam as campanhas eleitorais, quem garante que elas não reivindicam a
manutenção deles?
8- Tudo isso sobra na relação polícia x sociedade.
Estado e Sociedade Civil, no qual prejudica os policiais que são “testa de
ferro” e se põe a polícia contra a população e a população contra a
polícia.
Resultado: Principalmente quem tem grana lucra e quem não tem
se ferra. Novamente Celso Furtado, ganhos individuais, prejuízos coletivos. As
políticas repressivas são necessárias, porém superdimensionadas porque elas
escondem boa parte do sistema que foi brevemente apresentado aqui.
É interessante que as pessoas sejam educadas para
discutir as raízes desse problema para combater a doença e não o sintoma dela,
para combater a causa e não o efeito de tudo isso.
Atividade:
Escreva um texto dissertativo-argumentativo apresentando : Quais seriam as soluções a
curto e a longo prazo para amenizar a violência no Brasil?
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