quinta-feira, 18 de junho de 2020

Aula de Literatura - Profª.: Helayne Araújo - Referente a semana 15/06 a 19/06/20 - Turmas: 200 e 201


Aula de Literatura – Profª.: Helayne Araújo
Referente a semana 15/06 a 19/06/2020 (aula+atividade)
Assuntos: Romance Urbano; Romance Indianista; Romance Regionalista e o Teatro Romântico

Romance Urbano
O Romance Urbano ou Romance de Costumes designam as obras que retratam o Brasil, principalmente o Rio de Janeiro, no Segundo Reinado (1831-1840).
Apontam os aspectos negativos da vida urbana e dos costumes burgueses.
Características
Esses romances abordam as intrigas amorosas e as desigualdades econômicas. O fim é, invariavelmente, feliz e com a vitória do amor.
Obras
O livro "Memórias de um Sargento de Milícias", publicado em 1852 por Manuel Antônio de Almeida (1831-1861) é considerado a principal obra do estilo Romance Urbano ou de Costumes.
A obra é classificada como inovadora para a época, abandona a visão da burguesia urbana e retrata toda a simplicidade do povo.
O autor descreve a cidade, a sociedade e os costumes com malícia, humor e sátira em um momento de mudança da mentalidade colonial para a vida da corte.
O personagem principal "Leonardo" é considerado um "anti-herói", vive à margem da sociedade e se comporta desta maneira.
É um vagabundo escandaloso que rompe com os padrões românticos da época. Na verdade, a obra é uma crônica de costumes.
A maneira como descreve seus personagens, cheios de defeitos reais, faz de Manuel Antônio de Almeida um dos precursores do Realismo no Brasil.
O escritor que marcou o Romance Regionalista ou de Costumes, contudo, foi José de Alencar (1829-1877), com as obras "Cinco Minutos", "Sonhos d'Ouro", 'Encarnação', "A Viuvinha", "Lucíola", "Diva" e "Senhora".
Apesar de explorar a crítica aos aspectos negativos do ideal burguês, José de Alencar retrata o amor ideal, que vence todos os obstáculos no fim.
Romance Indianista

Romance Indianista marca a busca na literatura por um herói nacional. O índio foi eleito como a figura de maior representatividade, considerando que o branco era tido como o colonizador europeu, e o negro, como escravo africano.
Assim, o índio foi considerado como único e legítimo representante da América. Dessa maneira, o romance brasileiro encontrou no índio a expressão da nacionalidade autêntica, de amor exacerbado à terra e defesa do território.
Em sua singularidade, o índio foi usado como símbolo de bravura e honra. Incorporar a tradição indígena à ficção era a autêntica expressão de nacionalidade, impulsionando contribuições na prosa e na poesia.
Antecedentes
Entre os muitos fatores que contribuíram para a implantação do indianismo na literatura brasileira está a "tradição literária" do período colonial. Ela foi introduzida pela literatura de informação e literatura de catequese sendo retomada por Basílio da Gama e Santa Rita Durão.
Por parte da Europa, foi a Teoria do Bom Selvagem, de Rousseau, que exerceu influência direta no pensamento literário brasileiro da época.
Outro fator importante foi a adaptação que os escritores brasileiros românticos fizeram da figura idealizadora do herói.
Como o Brasil não teve Idade Média, seu "herói medieval" passou a ser o índio, o habitante do período pré-cabralino.
Autores como Padre Anchieta, Basílio da Gama e Gonçalves Dias já haviam difundido em sua obra a importância da singularidade do índio.
Foi, contudo, José de Alencar, o escritor de maior expressão dessa fase do romantismo brasileiro.
As obras O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874) exaltam o sentimento de nacionalidade por meio do índio como herói e ícone guerreiro.
Principais Características
·         Nacionalismo
·         Estética nativista
·         Exaltação da natureza
·         Idealização do índio como figura nacional, europeizado e quase medieval
·         Temas históricos
·         Resgate de lendas
·         Contato do índio com o europeu colonizador

José de Alencar
O cearense José Martiniano de Alencar (1829-1877) é considerado o mais importante representante do Romance Indianista.
A crítica considera que é um estilo criado por ele, que também é chamado de patrono da literatura brasileira.
Filho de um padre, José de Alencar recebeu muito cedo influências que o levara à exaltação do sentimento nacionalista. É patrono da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras por escolha de Machado de Assis (1839 - 1908).
A obra de José de Alencar também é marcante em romances históricos e romances regionalistas.
No Romance Indianista, a primeira obra a ser lançada foi O Guarani, um folhetim semanal que era divulgado em um jornal uma vez por semana.
O folhetim causava uma corrida às bancas todas as semanas. Demonstrava o sentimento de literatura nacionalista do autor, que defendia o modo de pensar e escrever do brasileiro.






Romance Regionalista
O Romance Regionalista é marcado pela busca do redescobrimento do Brasil e sua diversidade regional e cultural.
Constitui uma das mais importantes e frequentes na literatura brasileira, tem no vínculo direto com o real expressões utilizadas ainda hoje.
Características
Explora o nacionalismo literário, já encontrado no Indianismo, mas diferente das demais correntes do romantismo, não sofre as influências europeias.
É fruto da tomada de consciência dos valores específicos da cultura brasileira, está ligado às particularidades de grupos sociais em suas diferentes regiões.
Essa corrente do romantismo apresenta as especificidades de clima, costumes e língua diferentes entre si em um país que, por ter dimensões continentais, tem impressa a diversidade.
As obras que marcam o Romance Regionalista são apresentadas em folhetins, que eram capítulos apresentados de maneira periódica, quase sempre semanais, em jornais. Em comum têm a tentativa de fixar o que os autores consideram de verdadeiro no Brasil, o sertão e a paisagem intacta.
Influências
É a necessidade da busca do Brasil a principal influência do Romance Regionalista, considerado um dos mais difíceis estilos por não contar com referências anteriores.
Entre suas peculiaridades está o retrato do momento histórico relatado nos romances, com histórias do que classificam como verdadeiro povo brasileiro.
Obras
Entre as obras que marcam essa corrente literária está "O Ermitão de Muquém", de Bernardo Guimarães, publicado em 1865, sendo, cronologicamente, o primeiro a marcar o estilo. Nesse romance, Guimarães o interior de Minas Gerais e Goiás.
A obra mais conhecida do autor é, contudo, "A Escrava Isaura", romance onde ficam implícitas as posições abolicionistas de Guimarães.
Outra obra importante dessa corrente é "Inocência", de Visconde de Taunay, publicado em 1872. Carregado de elementos estéticos do Regionalismo, Inocência explora os costumes e a fala sertaneja, além da beleza exuberante e exótica do Brasil central.
O interior do país também está no protagonismo de "O Cabeleira", de Franklin Távola. Publicada em 1963, a obra retrata o cangaço no Nordeste brasileiro.


O TEATRO ROMÂNTICO


          Com o Romantismo surge no Brasil um interesse maior pelo teatro. Quase todos os autores românticos compuseram peças teatrais.

     Gonçalves Magalhães, tendo introduzido o movimento no Brasil publicando o primeiro livro de poemas românticos em 1836, "A Confederação dos Tamoios", quis também ser primeiro a publicar a primeira peça teatral do Romantismo Brasileiro, escrevendo "Antônio José" ou "O Poeta e a Inquisição", de pouco valor artístico.
     Gonçalves Dias escreveu dramas e tragédias, como "Leonor de Mendonça", onde mostra a fatalidade humana, dependente dos deuses e fadas; escreveu ainda: "Beatriz Cenci", "Boabdil", "Patkull".
       José de Alencar, preocupado com a "brasilidade", compôs "Verso e Reverso", peça de ambientação carioca, e "O Demônio Familiar", comédia que gira em torno das molecagens de um escravo enredador e ambicioso. No drama "Mãe", Alencar focaliza a figura de Joana, escrava que se sacrifica e morre pelo bem-estar de seu senhor e por sua felicidade conjugal. O patrão vende-a para resgatar uma dívida, não sabendo ser ela sua própria mãe.
    Mas a principal e única verdadeira vocação teatral do nosso Romantismo foi Martins Pena.

Luís Carlos MARTINS PENA
         Nasceu no Rio, em 1815, e morreu em Lisboa, em 1848. Humilde de nascimento, estudou e aprendeu por conta o francês e o italiano. Desde cedo começou a escrever comédias, alcançando muito êxito com o apoio do maior ator da época, João Caetano. Ingressou na carreira diplomática, mas, acometido de tuberculose, teve que regressar de Londres, vindo a falecer em Lisboa aos trinta e três anos de idade.
         Suas comédias fazem rir ainda hoje, mostrando o ridículo dos tipos e uma crítica às vezes sutil e outras de maneira direta à sociedade. Além do valor literário, suas obras têm um grande valor histórico-social e artístico, constituindo-se no primeiro grande valor da nossa dramaturgia. Algumas de suas peças são as seguintes: "O Judas em Sábado de Aleluia", "Os Irmãos das Almas", "O Diletante", "Os Três Médicos", "O Namorador ou A Noite de São João", "O Noviço", "O Caixeiro da Taverna", "Quem Casa Quer Casa", e muitas outras peças, algumas não editadas; outras não editadas, nem representadas.


O NOVIÇO
                                         de Martins Pena
          Ambrósio casou-se com Rosa quando ela ainda era mocinha de quinze anos. Viveram juntos dois anos. Com a morte da mãe de Rosa, Ambrósio tomou conta dos bens dela, vendeu-os e partiu para Montevidéu, a fim de empregar o dinheiro em negócios. Passaram-se seis anos e Rosa não teve mais notícias dele. Ambrósio encontra uma viúva muito rica, a qual tinha dois filhos, Emília e Juca, e ainda um sobrinho chamado Carlos, que estava no convento da Ordem de S. Bento como noviço.
          Ambrósio, ludibriando Florência, a viúva, casa-se com ela, a fim de tomar posse dos bens da família. Com ardis e malícia forçou os filhos de Florência a entrarem num convento, para que não exigissem a herança. Carlos foge do convento e vai para a casa da tia. Rosa vem do Ceará atrás do marido, informada por outras pessoas. Chegando a casa de Florência, pergunta a Carlos, que estava de batina, se ele era parente do Sr. Ambrósio Nunes, dizendo ser casada com ele há oito anos, conforme documentos que apresentou.
      O Mestre dos noviços vem à casa de Florência para levar Carlos de volta ao convento, mas este troca de roupa com Rosa e os oficiais levam-na por engano. Carlos contou tudo a Ambrósio, dizendo que se forçasse os filhos de Florência a irem para o convento, contaria a sua tia toda a verdade, visto estar ele apaixonado por sua prima Emília.
        Ambrósio, desesperado com a notícia de que sua primeira mulher o descobrira, acaba concordando em tudo com Carlos, prometendo falar com o Abade-Mestre para perdoá-lo e não forçar a ida dos meninos para o convento.
         No mosteiro descobriram que haviam levado uma mulher, considerando isso um sacrilégio, o que os fez voltarem à casa de D. Florência, conduzindo Carlos para o convento de onde mais tarde ele foge novamente.
          Florência já estava bastante desconfiada de Ambrósio; ao se encontrar com Rosa, que voltava do convento, e ao ver a certidão de casamento que esta lhe mostrava, ficou sabendo de tudo. Ambrósio foge.
      Florência e Rosa lastimaram-se juntas da patifaria de Ambrósio que só fazia juntar fortuna. José, o criado, dava toda assistência a D. Florência. Carlos, tendo fugido novamente do convento, esconde-se debaixo da cama da tia. Ambrósio, vestindo-se de frade, vai até a casa de Florência e, ao se aproximar tira o capuz, ameaçando matá-la se ela não lhe desse dinheiro. Florência pede socorro a seu vizinho Jorge que, com mais quatro homens armados, estavam à procura de Ambrósio. Estes, ao avistarem um homem debaixo da cama de Florência, passaram a espancá-lo, sob os protestos de Emília, que gritava não ser ele o procurado. Logo notaram que haviam pegado o homem errado e que Ambrósio estava escondido no armário. Florência e Rosa espancaram-no e em seguida os oficiais o levaram preso. Ambrósio se maldizia, dizendo que uma mulher já bastava para desgraçar a vida de um homem, quem dera duas!
          O Abade-Mestre perdoa a Carlos, dando-lhe um abraço.


ATIVIDADE:

1 – (FUVEST-SP) – Sobre o romance indianista de José de Alencar, pode-se afirmar que:
a) analisa as reações psicológicas da personagem como um efeito das influências sociais.
b) é um composto resultante de formas originais do conto.
c) dá forma ao herói amalgamando-o à vida da natureza.
d) representa contestação política ao domínio português.
e) mantém-se preso aos modelos legados pelos clássicos.

2 – (UFES) – Em relação ao romance Lucíola, de José de Alencar, só não é correto dizer que:
a) analisa o drama íntimo de uma mulher, dividida entre o amor conjugal e a riqueza material.
b) é escrito em forma de cartas, que serão reunidas e publicadas pela senhora que aparece no texto.
c) narrador em 1ª pessoa retrata um perfil de mulher aparentemente mundana e frívola.
d) protagonista relata, através de sua visão romântica, a sina da prostituição de Lúcia.
e) autor revela aspectos negativos dos costumes burgueses do Rio de Janeiro de cem anos atrás.

3 – (UFV-MG) – A ficção romântica é repleta de sentimentalismos, inquietações, amor como única possibilidade de realização, personagens burgueses idealizados, culminando sempre com o habitual “… e foram felizes para sempre”.
Assinale a alternativa que não corresponde à afirmação acima:
a) amor constitui o objetivo fundamental da existência e o casamento, o fim último da vida.
b) Não há defesa intransigente do casamento e da continência sexual anterior a ele.
c) A frustração amorosa leva, incondicionalmente, à morte.
d) Os protagonistas são retratados como personagens belos, puros, corajosos.
e) A economia burguesa determina os gostos e a maneira de ver o mundo ficcional romântico.



DATA DE ENTREGA: 24/06/2020

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